Uma chance para as magrelas – artigo Correio Braziliense

LEONARDO MEIRELES

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publicado em 3 de agosto de 2015

A questão de o viaduto do Sudoeste não contemplar uma ciclovia tornou-se uma discussão ampla sobre a mobilidade no Distrito Federal. Afinal, não considerar a existência da faixa exclusiva em uma obra que será tão importante par ao trânsito da cidade – levando em conta a grandeza do Corredor Oeste – é ignorar a força que o meio de transporte tem hoje no globo. Não apenas do ponto de vista ambiental, mas econômico e humano, uma vez que se abre a oportunidade para o crescimento da indústria ciclística e afins e para a fuga de hospitais e doenças da ociosidade (desde que o exercício físico seja realizado com bom-senso e orientação). O resultado de dar mais espaço para carros nas ruas já é conhecido por todos nós.

Não sou contra a construção do Corredor Oeste e duvido muito que algum defensor das ciclovias seja. O problema é o pensamento tacanho de integrantes do poder público, cegos a ponto de não ver que a aparição de faixas exclusivas nos últimos anos diminuiu o número de mortes nas vias do DF. Em nove anos, despencou de 66 para 22 o número de óbitos envolvendo ciclistas. Com seus 420km, a malha cicloviária da capital já é a terceira maior do mundo, atrás apenas de Berlim e Nova York. Se não é tão importnte, por que despender tanto dinheiro?

Júlio César Peres, secretário de Infraestrutura e Serviços Públicos do DF, afirmou, em entrevista ao Correio, que passagens subterrâneas podem servir para os ciclistas atravessares do Sudoeste ao Parque da Cidade e vice-versa, como se bicicletas e pedestres pudessem dividir espaços sem sobrar para o mais fraco. Disse também que “a ciclovia não é feita para grandes distâncias”, sem ter o cuidado de pesquisar que existem pistas contínuas no Rio de Janeiro e em São Paulo que chegam a 42km.  E todas bem utilizadas.

Pois bem, a ONG Rodas da Paz organizou uma contagem de ciclistas em 8 de julho, no horário das 6 às 20h, no trecho da EPTG entre o Guará e o SIA. Passaram por ali 226 usuários, sendo que 77% utilizavam o meio como transporte e 23%, como treinamento. O estudo, coordenado pelo engenheiro Rafael Stucchi, apontou também pontos interessantes para a segurança do próprio ciclista, como o uso do capacete e as pedaladas realizadas na contramão.

Repito o número: 226 usuários em um trecho sem ciclovias. Como seria com elas? Melhor se bikes e carros pudessem conviver de forma saudável. Perfeito se existissem mais corredores exclusivos para ônibus (que carregam muita gente). Um sonho imaginar o metrô com mais vagões e atingindo pontos mais distntes no DF. Mas a mentalidade dos motoristas pode nunca mudar; as empresas de coletivos sofreram um grande pente-fino e continuaram oferecendo um serviço de péssima qualidade; e o metrô tende a ser extremamente caro. Por isso, que tal dar uma chance para as magrelas? Que tal ao menos pensar que elas existem e são utilizadas no mundo inteiro como uma das soluções para o trânsito?

 

One comment on “Uma chance para as magrelas – artigo Correio Braziliense

  1. Raimond disse:

    Bem bacana.

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