Transporte na contra-mão da mobilidade

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Por Iran Magno

O planejamento de transportes é um grande passo em um país que tem por hábito se planejar pouco. Mas, infelizmente, nem sempre isso se traduz em melhorias à qualidade de vida da população.

Isso fica bem claro no perfil de municípios brasileiros de 2012 (MUNIC 2012), publicado em 03/07/2013 pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O documento investigou a organização interna e os serviços de transporte de todos os 5.565 municípios brasileiros e destaca que a forma tradicional de ação da maior parte das prefeituras não é integrada à gestão de trânsito, circulação viária e participação popular na formulação de políticas.

Quando se fala de participação popular, por exemplo, o MUNIC aponta que apenas 6,4% dos municípios têm conselhos municipais de transporte – organismos de representação da sociedade civil.

Já em relação a um plano estruturado de transporte, o total é ainda menor, com apenas 3,8% das nossas cidades na conta final. O texto ainda menciona a importância de se estabelecer diretrizes integradas quando se pensa em priorizar o transporte coletivo e de pedestres.

Desde 2012, foi estabelecida a Política Nacional de Mobilidade Urbana. Ela define que todas as cidades brasileiras com mais de 20 mil habitantes devem apresentar um plano de mobilidade urbana, que priorize o transporte não motorizado (bicicletas e ciclovias, calçadas etc) e coletivo. Tudo isso com a devida participação da população.
Está na hora de pensar a mobilidade além das soluções tradicionais, que normalmente privilegiam o automóvel. Para isso, precisamos de soluções que promovam a diversificação e integração dos meios de transporte, assegurem a todos o direito de ir e vir e ofereçam mecanismos de controle de poluição e emissões de gases de efeito estufa.

*Iran Magno é da campanha de Clima e Energia.

Fonte: Greenpeace