Travessia de bicicletas pela água chama a atenção para descaso com ciclistas e pedestres nas pontes de Brasília
Projeto do Trevo de Triagem Norte prevê caminho até 78% maior para quem não está de carro
Bicicletas em cima de caiaques e pranchas de SUP atravessaram o Lago Paranoá hoje pela manhã para mostrar que as pontes de Brasília não pensam nos pedestres e ciclistas. A intervenção da ONG Rodas da Paz contou ainda com uma faixa estendida na ponte do Bragueto – sob a qual foi realizada a ação – pedindo “Pontes para pedestres e ciclistas”. Também foi divulgado um estudo que propõe uma travessia mais humana do local.
A Rodas da Paz chama a atenção para o projeto do Trevo de Triagem Norte (TTN), cujas obras incluem a ponte do Bragueto. A entidade apresenta uma reavaliação do projeto para tornar o local acessível para pedestres e veículos não motorizados.
O projeto licitado do TTN não leva em consideração as diretrizes básicas da política nacional de mobilidade urbana, priorizando o transporte individual motorizado em detrimento do não motorizado ou coletivo, como destaca o relatório divulgado pela ONG.Como consequência, as rotas para quem não vai de carro chegam a ser 78% maior. Além de maior, a rota é descontínua e não há previsão de calçadas, fazendo com que pedestres e ciclistas tenham que compartilhar a ciclovia. Analisando-se os caminhos feitos pelos pedestres atualmente, percebe-se ainda que a estrutura proposta não coincide com a real necessidade de deslocamentos. O descaso com quem vai a pé, por veículos não motorizados ou de transporte coletivo é visível mesmo na maquete virtual do projeto, em que estes sequer aparecem.
Como solução para a humanização, a Rodas da Paz propõe diretrizes como transposições seguras e eficientes do Eixo Rodoviário Norte e da DF-007 (Estrada Parque Torto – EPTT)e requalificação do entorno das rodovias. Para isso propõe a inclusão de uma infraestrutura para ciclistas e pedestres, com acessibilidade, sinalização semafórica e redução dos limites de velocidade para 40 ou 50 km/h dependendo da localidade.
As falhas do projeto do TTN são visíveis quando se leva em conta o planejamento de uma cidade mais humana. Por isso, integrantes da Rodas da Paz fizeram a travessia do Calçadão da Asa Norte, ao final da L2 Norte até o Lago Norte remando, com as bicicletas deitas sobre os caiaques e de pé sobre as pranchas de SUP.
A intervenção é bem-humorada, mas a situação é séria. O descaso com pedestres e ciclistas não pode ser a regra.
Bom dia, Leonardo!
A semaforização do Trevo de Triagem Norte é uma proposta de diretriz para humanização da cidade, de modo a atender os planos e leis, que priorizam pedestres, ciclistas e o transporte coletivo. A imagem do relatório é apenas um exemplo.
Desculpem-me a ignorância, mas os lados não são espelhados e o sentido Torto-Asa norte é uma descida. Colocar semáforo ali gerará acidentes.
Não deveria ser feita uma proposta para esse sentido, também?